Nos dias 3 e 4 de outubro, o Theatro Circo cruza a arte e a tecnologia na primeira sessão do Frente e Verso. Partindo de narrativas e vocabulários do panorama contemporâneo, esta nova aposta leva a palco Marco Mendoça e a companhia de teatro Mala Voadora para dois espetáculos distintos onde a tecnologia e a comédia se unem para falar de temas que nos inquietam.

27 Set. 2024
27 Set. 2024

Há perspetivas que se cruzam na longevidade do tempo. Criado pelo Theatro Circo, Frente e Verso convida ao olhar prismático sobre a contemporaneidade, partindo da premissa de que coexistimos num mesmo Tempo e que, por essa razão, nos inquietam temas semelhantes.

Através de narrativas e vocabulários que resultam deste mesmo contexto histórico, o Frente e Verso apresenta Blackface, de Marco Mendonça, e Cantar de Galo, da companhia de teatro Mala Voadora. Nestes dois monólogos bem distintos, os intérpretes interagem com vídeo ou imagem gerada por Inteligência Artificial (IA) e investigam estratégias de representação de uma identidade coletiva e nacional que infiltraram o nosso imaginário durante muito tempo: um ícone cultural como o Galo de Barcelos, ou uma convenção teatral que foi também predominante noutros países, como o Blackface.
 

Blackface, de Marco Mendonça
Escrita e encenada por Marco Mendonça, Blackface é uma conferência musical multifacetada que surge a partir de uma compilação de experiências autobiográficas, testemunhos e um levantamento de registos do blackface - prática teatral racista que teve origem nos Estados Unidos da América e se difundiu noutras culturas ocidentais, incluindo Portugal.

Nesta peça, o ator, dramaturgo e encenador utiliza a sátira como ferramenta crítica para desafiar os próprios limites do humor, questionando o que pode ou não ser representado em palco e defendendo que o blackface não é humor e que humor não é racismo, sublinhando que o racismo, longe de ser uma questão do passado, continua a ser uma realidade presente.
 

Cantar de Galo, de Mala Voadora
Desconstruindo a narrativa “oficial” da história do Galo de Barcelos, Cantar de Galo dá vida a este símbolo da justiça e da proteção dos inocentes através da interpretação de Jorge Andrade. Nesta versão, o souvenir mais conhecido da cultura popular portuguesa descobre o seu papel na conspiração nacionalista de Portugal, confrontando o ditador António de Oliveira Salazar – com quem contracena através da manipulação digital da sua imagem (deepfake) – e expondo a história real da propaganda do Estado Novo.

Escrita pelo premiado dramaturgo norte-americano Robert Schenkkan para o diretor artístico da Mala Voadora Jorge Andrade, a peça une o humor à tecnologia utilizando a inteligência artificial de forma provocadora.
 

As peças serão apresentadas no Theatro Circo, em Braga, nos dias 3 e 4 de outubro (respetivamente). Além dos bilhetes para cada espetáculo, estão ainda disponíveis passes gerais que dão acesso a ambas as sessões. Sabe mais sobre o Frente e Verso em theatrocirco.com.