Criado em 2015 pelo gnration, o programa Laboratórios de Verão tem vindo a potenciar a criação artística local, apoiando centenas de artistas na disseminação dos seus projetos. Este ano, a iniciativa proporcionou o surgimento de quatro novas obras audiovisuais, apresentadas agora na mostra Pós-Laboratórios de Verão. Três destas obras podem ser visitadas no gnration até dia 14 de setembro.

11 Set. 2024
11 Set. 2024

O gnration, o Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG), em Guimarães, e a Solar – Galeria de Arte Cinemática, em Vila do Conde, juntaram-se para promover a décima edição do programa de apoio à criação artística Laboratórios de Verão, que trás ao gnration um conjunto de novas perspetivas sobre a arte contemporânea.

Depois de uma residência no gnration e no CIAJG, os artistas selecionados dão a conhecer, em formato de instalação ou performance, as suas novas obras na já habitual mostra do Pós-Laboratórios de Verão, que este ano conta com o acompanhamento e curadoria do escritor, investigador e curador David Revés. Entre as quatro obras apresentadas constam a performance +/-, desenvolvida por João Carlos Pinto + João Miguel Braga Simões + José Diogo Martins (apresentada no passado dia 8 de setembro no gnration), e as instalações audiovisuais da autoria de Sally Santiago e das duplas Sofia Morim + Filipe Carvalho e Francisca Miranda + Inês Leal.

 

Consonâncias Efémeras, por Sofia Morim + Filipe Carvalho

Através de duas instalações que integram vídeo-projeção, objetos, escultura e som, a obra explora as amplas ligações simbólicas e materiais entre o humano e a água. Inspirados pelas observações de Masaru Emoto em Hidden Messages in Water, Sofia Morim e Filipe Carvalho propõem uma meditação sobre a natureza desta relação, convidando o público a habitar ambientes quase hipnóticos, onde um apurado exercício de equilíbrios, suspensões, amplificações, reflexos, projeções e refrações lumínicas acionam e expandem distintos ritmos, oscilações, sonoridades, formas, texturas e padrões visuais da água que no espaço flui.

 

Crónicas visuais de onde não estive,por Sally Santiago

Sally Santiago parte de relatos de infância de pessoas de gerações mais antigas, transmitidos através de sobreposições ou pequenos lapsos de lembrança, próprios do ato da recordação para apresentar uma reflexão as facetas do espaço ficcional e narrativo. Reportando-se a acontecimentos ocorridos entre 1945 e 1950 numa ilha do Atlântico, três episódios servem de base para a construção das três crónicas aqui apresentadas, através da construção de realidades particulares. Esta é uma obra que procura trabalhar no intervalo entre o visível e o invisível, o tangível e o intangível, levando o espectador ao exercício de rememoração, projeção e reconstrução da sua própria memória.

 

Ouroboros, por Francisca Miranda + Inês Leal

Ouroboros, projeto de Francisca Miranda e Inês Leal, apresenta uma instalação audiovisual composta por dois vídeos e uma peça sonora. Partindo da ligação entre o conceito de soundbite — petit phrase ou mordida sonora — e a antiga expressão banha da cobra, as artistas transitam entre dispositivos de cativação e controlo do pensamento individual e colectivo gerados por certos discursos políticos e agentes mediáticos contemporâneos, para a partir deles procurarem outras associações, imagens, linguagens e sons. Reclamando uma estética evocativa do ecrã e emissão televisiva, e assim reminiscente do espaço familiar e doméstico, Ouroboros cria uma paisagem que vai sendo criada entre a ilusão do espetáculo circense e a camuflagem do animal predador.

Três obras a visitar gratuitamente até dia 14 de setembro, no gnration.